MSCHF: Uma "marca" não convencional
- Gaby Camargo
- 22 de fev.
- 4 min de leitura
Atualizado: 2 de mar.
Você com certeza já viu as “Astro Boy Boots”, que são botas vermelhas gigantes —, essas botas foram criadas pela MSCHF. A MSCHF foi fundada em 2016 no Brooklyn (NY) por Gabriel Whaley e como a MSCHF faz várias críticas sociais, ser nomeada como uma marca é algo contra os princípios deles e isso tira a essência de expressão, por isso chamamos de coletivo artístico — já que são vários artistas diferentes, com culturas diferentes e etc que produzem os produtos.
A MSCHF traz produtos não convencionais, irônicos e que sempre abordam uma crítica social, sendo o consumismo uma delas. Aqui eu vou falar sobre alguns produtos famosos da MSCHF e o que tem por trás deles, o motivo deles terem sido processados pela Nike e Vans, projetos polêmicos e mais!
processo da nike contra a MSCHF
Muitos produtos da MSCHF foram cancelados e processados porque como eu dito antes, eles abordam muitos assuntos polêmicos e além disso eles usam logos, designs e estética de algumas marcas para “julgar” um produto sem a permissão da marca. Um exemplo é a Nike, onde a MSCHF pegou o design do tênis da Nike (sem consentimento da marca) Air Max 97 e fez duas versões dele:
MSCHF X INRI Jesus Shoes
Esse tênis foi feito em 2019, foi a primeira versão e rendeu discussões muito polêmicas. O tênis tem um crucifixo nos cadarços, um versículo bíblico (do décimo quarto capítulo do Evangelho de Mateus no Novo Testamento que se refere a Jesus andando sobre as águas) e na parte azul do tênis tem água benta, que passa a referência de andar sobre as águas.
MSCHF X LIL’NAS X Satan Shoes
Dois anos depois, a MSCHF em parceria com o Lil’Nas X desenvolveu a segunda versão do tênis (completamente oposta a anterior, o “Satan Shoes”. O tênis é preto, com um crucifixo invertido, um versículo bíblico (Lucas 10:18) e diferente da outra, essa versão tem sangue da equipe da MSCHF na parte vermelha do tênis (supostamente). O coletivo fez 666 pares do tênis e ele se esgotou rapidamente, fazendo novamente uma crítica ao consumo.
A ideia era criticar como a religião e a fé são frequentemente comercializadas e transformadas em produtos de luxo, com marcas explorando símbolos religiosos para vender status e exclusividade. Diversas pessoas religiosas criticaram o produto e fizeram mutirão nas redes sociais. Além disso, pelo uso do design da Nike do Air Max 97, a marca processou a MSCHF alegando que não tinha autorizado a customização, mas não fez o mesmo com o “Jesus Shoes”, mostrando uma certa hipocrisia na forma como as pessoas reagem a símbolos religiosos vs satânicos no marketing.
processo da vans
Um caso que é parecido com o anterior, é o da Vans (que também processou a MSCHF). O motivo do processo foi porque a MSCHF usou um design de tênis da Vans que inclusive é bem popular, e customizou o tênis com a logo da Vans e a sola ondulada. Além de que de acordo com a Vans o tênis vai confundir as pessoas, fazendo elas acharem que o tênis é da Vans.
principais produtos da MSCHF
O coletivo produz muitos produtos não convencionais e que não são processados também. Os mais populares são as “Astro Boy Boots”, “Flipped Flop”, “Bolsa Microscópica”, “Frankenstein Bag” e fez uma versão amarela das botas vermelhas, porém junto com a Crocs.
astro boy boots
O nome original dessas botas é: Big Red Boots —, que como o próprio nome já diz, são botas vermelhas grandes. Essas botas são chamadas de “Astro Boy” por serem muito parecidas com a bota que o personagem usa.

big yellow boots
As “Big Yellow Boots” são uma parceira com a Crocs, o material é diferente da vermelha, mas continua sendo incrivelmente difícil de tirar (ao ponto de precisar de outra pessoa), e pelo o que dizem é parecido como usar um Crocs.
bolsa microscópica
Essa bolsa foi extremamente polêmica, por ser uma bolsa que você só consegue enxergar se usar um microscópio. Ela não estava a venda e foi leiloada por supostamente 300 mil dólares e ela viria junto com um microscópio. A bolsa foi feita a partir de um design da Louis Vuitton: Totebag OnTheGo. Foi feita como crítica as mini bolsas que as pessoas compram, passando a ideia de que as pessoas não compram bolsas a partir da funcionalidade delas, e sim, por causa da estética.

frankenstein bag
Essa bolsa tem esse nome porque a MSCHF procurou 4 fábricas de países diferentes para fazer cada parte da bolsa. Eles pediram para um designer de uma fábrica do Peru para fazer uma inspiração de uma bolsa Birkin. Com isso, em uma fábrica em Portugal pediram para o designer fazer a bolsa ficar mais Celine, mandando uma foto embaçada da Lugagge Bag da MSCHF, depois fizeram a mesma coisa na India e China.
o projeto angus e o coletivo indo contra os próprios princípios
Procurando fazer mais uma crítica social, a MSCHF desenvolveu o projeto Angus, que levava as pessoas fazerem uma decisão moral. A MSCHF projetou uma bolsa feita 100% de couro animal e mantinha o couro em seu estado mais bruto, com pelo e textura natural. Porém, quando uma pessoa iria comprar a bolsa, aparecia um aviso perguntando se realmente tinha certeza, porque se finalizasse a compra, um bezerro (com o nome de Angus) seria abatido exclusivamente para a produção da bolsa.
Esse aviso tornava explícita a realidade da indústria do couro, algo que geralmente é ignorado pelos consumidores de artigos de luxo. A MSCHF quis expor a hipocrisia da moda, onde produtos de couro são considerados sofisticados, mas as pessoas se sentem desconfortáveis quando confrontadas com a origem real do material. Posteriormente, a MSCHF foi retrucada, onde as pessoas falaram que o coletivo estava indo contra os seus próprios princípios por estarem ao mesmo tempo, eles próprios estavam participando desse ciclo, vendendo a peça por US$ 6.000, um preço típico do mercado de luxo que eles costumam satirizar. Afinal, ao vender um produto de luxo de verdade, mesmo que como provocação, eles não estariam reforçando aquilo que pretendiam criticar?
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